As
tendencias em relação ao modelo oralista e gestualista foram se
alternando ao longo da história e provocando polêmicas. Assim, os
surdos, já foram consideradas como incapazes de gerenciar seus atos,
já foram considerados como doentes, como seres inferiores,
principalmente por lhes faltarem a fala. Essa situação sempre
desfavoreceu as pessoas com surdez, pois:
Em
um contexto de rupturas com essa visão segregacionista e de embates
entre gestualista e oralistas, assinalamos que esse não é o caminho
definido pelas políticas públicas educacionais brasileira, quando
legitima a perspectiva inclusiva numa abordagem bilingüe para a
educação das pessaos com surdez. (DAMAZIO; FERREIRA, 2010. p.51)
Importante
ainda destacar que:
Enquanto
as discussões ficam centradas na aceitação de uma língua ou de
outra, as pessoas com surdez não têm o seu potencial individual e
coletivo desenvolvido, ficam secundarizadas e descontextualizadas das
relações sociais das quais fazem parte, sendo relegadas a uma
condição excludente ou a uma minoria. (Ibid, p. 47)
Hoje,
a partir de um novo olhar direcionado através de políticas em prol
de uma educação inclusiva, está se construindo um novo olhar
voltado a pessoa com surdez, não as vendo como deficiente, mas com
perda sensorial auditiva, o que de acordo com Damazio e Ferreira
(2010) o limita biologicamente para essa
função perceptiva. Mas, por outro lado, há toda uma potencialidade
do corpo biológico.
Levando
em consideração as orientações atuais, o foco não deve ser neste
ou naquele modelo que sobrepõe o outro, mas em práticas inclusivas.
Para a inclusão desses alunos possam acontecer de fato é
necessário que se inicie desde a educação infantil até o ensino
superior, devendo garantir desde cedo que as barreiras existentes no
processo de aprendizagem possam ser superadas, garantindo meios para
que os alunos frequentem a sala de aula comum e o Atendimento
Educacional especializado no contra turno, diariamente, e através de
três momentos didáticos: AEE em libras, AEE para o ensino de Libras
e o AEE para o ensino de Lingua Portuguesa.
Assim, de acordo com Damazio e Ferreira (2010)
O
problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar
sendo centrado nessa ou naquela língua, como ficou até agora, mas
deve levar-nos a compreender que o foco do fracasso escolar não está
só nessa questão, mas também na qualidade e na eficiência das
práticas pedagógicas. (p.48)
Nesta
perspectiva inclusiva, o Atendimento Educacional especializado para
pessoa com surdez busca o reconhecimento do potencial
do aluno de modo a utilizar como estratégia no desenvolvimento de
sua aprendizagem. As metodologias são de extrema importancia nesse
processo. De acordo com Damázio,
Para
efetivar o cotidiano escolar do AEE PS, aplicamos a metodologia
vivencial, que leva o aluno a aprender a aprender. Essa metodologia é
compreendida como um caminho percorrido pelo professor, para
favorecer as condições essenciais de aprendizagem do aluno com
surdez, numa abordagem bilíngüe. (2010, p.58)
DAMÁZIO,
M. F. M.; FERREIRA, J.. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação
Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação
Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado
em Construção, p. 46-57.