quarta-feira, 19 de março de 2014

Educação Escolar de Pessoas com Surdez


As tendencias em relação ao modelo oralista e gestualista foram se alternando ao longo da história e provocando polêmicas. Assim, os surdos, já foram consideradas como incapazes de gerenciar seus atos, já foram considerados como doentes, como seres inferiores, principalmente por lhes faltarem a fala. Essa situação sempre desfavoreceu as pessoas com surdez, pois:

Em um contexto de rupturas com essa visão segregacionista e de embates entre gestualista e oralistas, assinalamos que esse não é o caminho definido pelas políticas públicas educacionais brasileira, quando legitima a perspectiva inclusiva numa abordagem bilingüe para a educação das pessaos com surdez. (DAMAZIO; FERREIRA, 2010. p.51)



Importante ainda destacar que:



Enquanto as discussões ficam centradas na aceitação de uma língua ou de outra, as pessoas com surdez não têm o seu potencial individual e coletivo desenvolvido, ficam secundarizadas e descontextualizadas das relações sociais das quais fazem parte, sendo relegadas a uma condição excludente ou a uma minoria. (Ibid, p. 47)



Hoje, a partir de um novo olhar direcionado através de políticas em prol de uma educação inclusiva, está se construindo um novo olhar voltado a pessoa com surdez, não as vendo como deficiente, mas com perda sensorial auditiva, o que de acordo com Damazio e Ferreira (2010) o limita biologicamente para essa função perceptiva. Mas, por outro lado, há toda uma potencialidade do corpo biológico.

Levando em consideração as orientações atuais, o foco não deve ser neste ou naquele modelo que sobrepõe o outro, mas em práticas inclusivas. Para a inclusão desses alunos possam acontecer de fato é necessário que se inicie desde a educação infantil até o ensino superior, devendo garantir desde cedo que as barreiras existentes no processo de aprendizagem possam ser superadas, garantindo meios para que os alunos frequentem a sala de aula comum e o Atendimento Educacional especializado no contra turno, diariamente, e através de três momentos didáticos: AEE em libras, AEE para o ensino de Libras e o AEE para o ensino de Lingua Portuguesa.

Assim, de acordo com Damazio e Ferreira (2010)



O problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar sendo centrado nessa ou naquela língua, como ficou até agora, mas deve levar-nos a compreender que o foco do fracasso escolar não está só nessa questão, mas também na qualidade e na eficiência das práticas pedagógicas. (p.48)

Nesta perspectiva inclusiva, o Atendimento Educacional especializado para pessoa com surdez busca o reconhecimento do potencial do aluno de modo a utilizar como estratégia no desenvolvimento de sua aprendizagem. As metodologias são de extrema importancia nesse processo. De acordo com Damázio,



Para efetivar o cotidiano escolar do AEE PS, aplicamos a metodologia vivencial, que leva o aluno a aprender a aprender. Essa metodologia é compreendida como um caminho percorrido pelo professor, para favorecer as condições essenciais de aprendizagem do aluno com surdez, numa abordagem bilíngüe. (2010, p.58)





DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J.. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção, p. 46-57.