SURDOCEGUEIRA E DMU
No Brasil a deficiência múltipla é considerada como uma associação de duas ou mais deficiências. De acordo com a Lei 7.853 de 1989: Deficiência múltipla – a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam conseqüências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa. Segundo Ikonomidis apud Nielsen (2010) é difícil para uma pessoa lidar com uma deficiência se seus recursos são insuficientes por outra deficiência. A autora diz ainda que “quanto maior for o número de deficiências, maior o risco da pessoa não conseguir fazer uso de todas as habilidades que possui e, assim sendo, a associação de diferentes problemas resultará em necessidades educacionais únicas.” (p.2)
De acordo com Maia (2011) A surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes e que desde 1991 é reconhecida como uma única deficiência, podendo ser congênita ou adquirida. Quanto ao grau pode ser:
a) Surdocego total: ausência total de visão e audição.
b) Surdocego com surdez profunda associada com resíduo visual:
c) Surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual:
d) Surdocego com surdez moderada ou leve com cegueira:
e) Surdocego com perdas leves, tanto auditivas quanto visuais:
Devido às limitações desses alunos, é muito importante o atendimento especializado para complementar as aprendizagens, percebendo as dificuldades e traçando estratégias para superação das mesmas. A frequencia do aluno na sala de aula regular e na sala de recursos multifuncionais é fundamental para o desenvolvimento intelectual dos mesmos. De acordo com Batista & Mantoan (2007) O Atendimento Educacional Especializado deve privilegiar o desenvolvimento e a superação dos limites intelectuais das pessoas com deficiências intelectual assim como deve acontecer com as demais deficiências “como exemplo: para o cego, a possibilidade de ler pelo braile; para o surdo, a forma mais conveniente de se comunicar e para a pessoa com deficiência física, o modo mais adequado de se orientar e se locomover.”(p.22)
Na sala de recursos multifuncionais através do AEE é possível avaliar e explorar as pontencialidades, tanto para os alunos suedoscegos, como para os com deficiências múltiplas e a comunicação eficiente é muito importante para o seu desenvolvimento.
Muitas pessoas com deficiência múltipla ou com surdocegueira podem aprender a se comunicar por meio de gestos, mas podem ter dificuldade para conseguir uma comunicação usando símbolos abstratos tais como: palavras faladas ou língua de sinais (Rowland e Schweigert, 1989; Rowland & Stremel-Campbell, 1987). Eles geralmente apresentam dificuldade de interpretar a informação no que se refere ao conceito da correspondência um-para-um entre um, ou seja, um som arbitrário (uma palavra falada) ou movimento (um sinal de libras) e a sua referência. Há alguns anos nós realizamos estudos sobre o uso de um sistema de símbolo concreto conceitualmente que chamamos de “símbolos tangíveis” (Rowland e Schweigert, 1989, 1990). P. (02, 2013)
A comunicação é um dos aspectos a serem observados nos alunos tanto com deficiências múltiplas como surdocegueira para a realização do atendimento educacional especializado. Assim, “Os alunos precisam usar uma variedade de formas e funções em diferentes ambientes para adquirir habilidades comunicativas necessárias para sobreviver no mundo real. Maia (2008, p.04).
Referências
· Atendimento Educacional Especializado em Deficiência Mental. BATISTA, Cristina Abranches & MANTOAN, Maria Teresa Égler. In: GOMES, Adriana L. Limaverde. Deficiência Mental, Atendimento Educacional Especializado. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. PP. 13–28.
· FIGUEIREDO, Rita Vieira de Figueiredo & POULIN, Jean-Robert & GOMES, Adriana L. Limaverde. Atendimento Educacional Especializado do aluno com deficiência intelectual. São Paulo: Moderna, 2010, PP. 16-46.
· IKONOMIDIS, Vula Maria. Apostila sobre Deficiência Múltipla Sensorial, 2010 sem publicar.
· MAIA, Shirley Rodrigues. Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Texto elaborado para a disciplina AEE na Deficiência Múltipla e na Surdocegueira, 2011.
· ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila In mimeo. Tradução Acess. Revisão: Shirley R. Maia - 2013.
· Folheto FACT 3 – COMMUNICATION / Primavera 2005 - Lousiana Department of Education 1.877.453.2721 State Board of Elementary and Secondary Education.Tradução: Vula Maria Ikonomidis,Revisão: Shirley Rodrigues Maia.Junho de 2008