Por que olhar
por partes, sem antes compreender o todo? Porque enxergar a deficiência, antes
mesmo de saber mais sobre aqueles que não andam, não enxergam ou não ouvem?
Porque apontar o que o outro não pode fazer, antes de perguntar o que ele tem a
oferecer?
São perguntas
interessantes e que nos levam a refletir que para enxergar o todo, o ser humano
por completo, é preciso primeiramente sensibilidade e olhar com os olhos do
coração, depois tomar conhecimento que “o essencial é invisível aos olhos...”
como dizia o pequeno príncipe. Sabemos que historicamente é mais fácil enxergar
a deficiência e a carga de empecilhos que ela carrega, foi assim que a inclusão
das pessoas com deficiência tornou-se resultado de séculos de lutas e sofrimentos.
Mesmo sabendo que é mais fácil observar aquilo que está em nosso campo de visão,
estamos trilhando para um novo momento na história onde as pessoas com
deficiência estão tendo o direito de serem observadas, compreendidas e
incluídas em suas necessidades. A partir do texto o modelo dos modelos, é
possível perceber a necessidade das mudanças diante das coisas e das situações
a partir do modo como elas se apresentam, é necessário enxergar além, ter
sensibilidade para novas descobertas, ampliar seu campo de visão. Isso é
possível perceber no trecho abaixo:
A regra do senhor
Palomar foi aos poucos se modificando: agora já desejava uma grande variedade
de modelos, se possível transformáveis uns nos outros segundo um procedimento
combinatório, para
encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse
feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço. [...] Analisando
assim as coisas, o modelo dos modelos almejado por Palomar deverá servir para
obter modelos transparentes, diáfanos, sutis como teias de aranha; talvez até
mesmo para dissolver os modelos, ou até mesmo para dissolver-se a si próprio.
Ainda é
recorrente na comunidade escolar “apontar
o que o outro não pode fazer, antes de perguntar o que ele tem a oferecer?”. O
Atendimento Educacional Especializado, ele tem um grande desafio no sentido de
enxergar a potencialidade do aluno e ampliar suas habilidades buscando apoio na
comunidade escolar e na família para que os alunos superem os obstáculos que a
vida apresenta. No entanto, para que aja êxito é preciso....
Neste ponto só
restava a Palomar apagar da mente os modelos e os modelos de modelos.
Completado também esse passo, eis que ele se depara face a face com a realidade
mal padronizável e não homogeneizável, formulando os seus “sins”, os seus
“nãos”, os seus “mas”.
Portanto, o AEE tem como uma de suas missões enxergar a pessoa e não a
sua deficiência, suas potencialidades e não suas debilidades e oferecer
oportunidades de aceitação e de crescimento delas.